segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Aurora Boreal

“De Aurora Boreal Socorro Freitas
Não sei bem porque minha mãe colocou este nome tão estranho em mim, mas como curiosa, acho eu ela achava bonito esse nome nos livros de geografia que via na escola. Meu pai pouco se importava com os nomes que ela dava aos filhos. De tanto pouco se importar, um dia pediu para eu tirar a roupa e deitar na cama, disse que íamos fazer “uma coisinha diferente”. E fiz. Eu com meus oito anos de idade não entendia nada. Aqueles movimentos bruscos, aquele vai e vem dentro de mim. Sentia medo, mas algo dentro de mim dizia que aquilo era bom, porque era o papai que estava conduzindo aquela situação... Deixei-o abusar, usar de mim. Ninguém tinha me ensinado que aquilo era errado. Um dia minha mãe chegou mais cedo do trabalho. Eu estava de quatro em cima da mesa de jantar e meu pai me fodendo toda... Aquele olhar de minha mãe só vi uma vez. A última coisa que me lembro daquele dia foi minha mãe com uma faca na mãe com os olhos pulsando de raiva, o sangue escorrendo em sua cara e os movimentos de ida e volta de seu punho. Meu pai morto no chão da cozinha e minha mãe aos prantos. Eu, estática. Dentro de mim não sabia o que sentia, se era medo, ódio, pena... só fui entender aquilo depois de ter aprendido a viver.”
(Depois do assassinato do pai, mãe e filhos fugiram para um lugar distante. A mãe tentando explicar a filha que aquilo não era realidade, tinha sido um sonho ruim. Mas Aurora sabia que aquilo foi real, mas não deixou de viver por causa daquilo, daquele sonho ruim. Deixou o dia amanhecer novamente...)

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