sexta-feira, 17 de julho de 2009

Poemas ao vento

Sopra o vento, sopra o vento,
Sopra alto o vento lá fora;
Mas também meu pensamento
Tem um vento que o devora.
Há uma íntima intenção
Que tumultua em meu ser
E faz do meu coração
O que um vento quer varrer;


Fernando Pessoa

2 comentários:

  1. Sei que não faz nenhum um sentido, mas quando entrei no seu blog me deu uma enorme vontade... Aí eu fiz este poema:

    Não se preocupe.Se não conseguir ler o poema todo o mundo não vai deixar de ser pior.

    Amnésia

    Tem uma coisa que eu queria
    dizer que nunca digo...
    E minha memória é tão viva.
    Às vezes... Quase lembro.
    Não consigo.
    Por mais esforço que faça
    Tem sempre alguma coisa
    Que me impede... me faz esquecer.
    Sei que não faz sentido:
    Como posso lembrar de algo
    que nunca esqueci.
    E uma vez esquecida pra que lembrar?
    Parece apenas um jogo,
    um trocadilho...
    Se assim fosse me sentiria aliviado,
    Suspenso desse incômodo pensar.
    Não posso, não consigo parar.
    Estou numa vã hipnose e os versos
    Se amontoam como uma ardência...
    E nada de lembrar.
    Se pelo menos eu fosse ouvir Bach.
    E esta brisa sem mar.
    Este gosto sem par...
    Deixe-me!
    O que fiz? Pra merecer tamanha impiedade.
    Chega de ser prisioneiro de algo que inexiste.
    Mas, no fundo sei que você está aí
    Esquivando-se... Sorrateira?
    Onde? Venha! Me pegue com um beijar ou
    Me jogue, me largue nesse deixar.
    O pior não é esquecer. Não é lembrar.
    É ser perseguido por algo que não
    Acolhe nem abandona.
    E este irredutível balançar...
    Covarde! Por que não aparece de uma vez
    ou some pra sempre?
    Será o poema que nunca desiste de mim?
    E este inevitável balançar...
    Tem uma coisa que eu queria dizer...
    Se fosse loucura eu saberia!
    Uma coisa que eu queria dizer...
    Se fosse sonho desconfiaria!
    Eu queria dizer...
    Se fosse dor eu sentiria!
    Queria dizer.
    Se fosse amor não acreditaria!
    Queria...

    Ternura sempre!

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