domingo, 28 de fevereiro de 2010

O rio

Encontrei Lisbela entre tantos olhares. Caminhando pude ver sua face, suas linhas de expressão. Seu cabelo ondulado, presilhinhas cor de rosa no cabelo, vestido esvoaçante com esferas amarelas que pareciam vários sois em um só mundo. Parada contemplava sozinha o seu rio, que de longe parecia passar lentamente, mas por dentro tinha uma força voraz que poderia carregar exorbitâncias. Perguntei-lhe porque olhava tão fixa para um rio que não continha nada. Virou-se e olhou para mim com os olhos tristes e cheios de lágrimas que escorriam sob seu rosto, e me disse estar se vendo. Ela se via feito o rio com toda força e voracidade, mas que estava levando o nada para se, esperando o nada acontecer.
Lisbela só vi novamente em uma foto no jornal dizendo: ”Menina encontrada no rio, levada pela correnteza, morre e deixa bilhete dizendo: Fui levada pelo nada.”

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